No. 78 / Abril 2015 |
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Marcello Sahea Marcello Sahea es poeta, performer, artista visual y sonoro. Ha publicado tres libros: Carne Viva, Leve y nada que decir, así como el álbum/cd virtual PLETÓRAX. Además, ha publicado en antologías, catálogos, libros didácticos, radio, periódicos y revistas de literatura y arte en Brasil y Estados Unidos. Realizó exposiciones de poesía visual y participó en exposiciones de arte digital, poesía sonora, visual y video-poesía en Brasil, Portugal, Londres y Eslovenia. Invasor Invasor não sei que corpo é este em que me encontro que encontro é esse em que me perco que dores coleciona que odores não sei quem me pôs aqui se fui eu que pedi onde a nave desse templo nem onde a chave dessa cela e quando eu cheguei pela portaparto disseram que era meu esse corpo eu duvidei e quando dei por mim a mísera parte que me cabia era uma vaga vaga entre o coração e a cabeça e esse descorpo não me alcança pois diz sim quando deveria dizer não diz não quando deveria dizer sim é meio que o começo e ao mesmo tempo o fim é um gole que se engole o princípio em que me encerro um rabo mordendo a própria cobra esse corpo traz resquícios de meus pais indícios de meus netos essa cadeia de nDAs esse caldo de contracultura esse remix de uma mistura por isso mesmo ele não se sabe por isso é miríade de nadas por isso é o que é que tem lava e entra em erupção mas não é vulcão tem raiz tronco planta maçã palma e não é vegetal mas vegeta tem espinhas e não é peixe mas nada tem sal conchas céu falanges pode ter jubas e pode ter trombas e pode ter cascos não sei que corpo é este em que me encontro eu só quero saber o que vem escrito nas linhas nas vísceras nas rugas nos gestos nos passos desse corpouco quero saber com que pele faz elo o que repele qual é o encaixe desse lego de que ovo sai o ego quero saber das idades das calvícies das cavidades dos hálitos dos hábitos dos falos dos talos dos estalos dos badalos dos entalhes que dão forma e das reformas dos encalhes das estruturas ósseas cartilagens dos feixes de nervos e músculos por baixo da pele que atrai e repele queesconde mas revela que lembra mas esquece que veste feito abraço um doído corpo estranho de tatuagens iriadas emplastros hematomas ciclamens e sorrisos de alabastro eu quero saber desse corcorpo paleta de rancores onde a dúvida a bílisdúvida a duvidentro a merdúvida é licor de seu bombom o recheio o doce deleite de seio eu quero saber desse nãocorpo que perece é perecível e acaba e como se não bastasse tem fim e termina mas não finda quando cessa pois essa dúvida fica impressa aqui feito enigma feito mistério não me lava não me luva não me leva não vai pro cemitério. pergunte à criança. pergunte aos ossos da criança e às frestas. pergunte à semente e à fumaça. pergunte às pedras que andam em nevada e às trovants na romênia. pergunte às gargantas das sopranos e dos pornoatores. pergunte aos tamanduás. pergunte às pulgas. à própria sombra. pergunte à luz. pergunte à poça aguardando a gota. aos girassóis. Aos bicos dos peitos. pergunte aos bicos. pergunte às raízes. aos interruptores. a todos os paus e algumas vaginas. pergunte às maçanetas. aos sacerdotes. aos olhos e ao pescoço. pergunte à bosta. à moeda no chão. ao bote da cobra. pergunte à própria cobra. pergunte ao eco. ao espelho. ao buraco. pergunte à ciência. Aos meteoros. aos parafusos. pergunte ao furo. à agulha. ao fósforo. à ponta do dedo. à pele. pergunte à pele. Pergunte à pele. pergunte à pele. pergunte ao fóssil. aos poros e à bola. ao terraço. pergunte ao decote. aos aviões. às nuvens. aos bolsos. à taxa de desemprego. pergunte à qualquer taxa. Pergunte às rodas. ao coletivo. àquela modelo na capa da revista. pergunte aos yoguis. às entradas e saídas. aos anzóis. à última bolacha do pacote. pergunte à lâmina. aos dentes. ao voo do pássaro. pergunte às bordas. à felicidade. aos calcanhares. Às pontas das línguas. aos pára-raios. às pontes. aos gazes. à náusea. às doenças. à morte. pergunte ao mar. ao pó e ao ser amado. pergunte a tudo que quer alcançar e ser alcançado. pregunta al niño. pregunta a los huesos del niño y a las rendijas. pregunta a la semilla y al humo. pregunta a las piedras que caminan en nevada y a las trovants en rumania. pregunta a las gargantas de las sopranos y de los actores porno. pregunta a los osos hormigueros. pregunta a las pulgas. a la propia sombra. pregunta a la luz. pregunta al charco esperando la gota. a los girasoles. a los pezones. pregunta a los picos. pregunta a las raíces. a los interruptores. a todas las vergas y algunas vaginas. pregunta a las manillas. a los sacerdotes. a los ojos y al cuello. pregunta a la bosta. a la moneda en el piso. al ataque de la cobra. pregunta a la propia cobra. pregunta al eco. al espejo. al hoyo. pregunta a la ciencia. a los meteoros. a los tornillos. pregunta al agujero. a la aguja. al fósforo. a la punta del dedo. a la piel. pregunta a la piel. pregunta a la piel. pregunta a la piel. pregunta al fósil. a los poros y a la pelota. a la terraza. pregunta al escote. a los aviones. a las nubes, a las bolsas. a la tasa de desempleo. pregunta a cualquier tasa. pregunta a las ruedas. al colectivo. a esa modelo en la portada de la revista. pregunta a los yoguis. a las entradas y salidas. a los anzuelos. a la última galleta de la caja. pregunta a la lámina. a los dientes. al vuelo del pájaro. pregunta a las orillas. a la felicidad. a los talones. a las puntas de las lenguas. a los pararrayos. a los puentes. a los gasas. a la náusea. a las enfermedades. a la muerte. pregunta al mar. al polvo y al ser amado. pregunta a todo lo que quiere alcanzar y ser alcanzado. arranca los brazos y aún se yergue el cuerpo / arranca las piernas y aún permanece el cuerpo / arranca el sexo y aún engendra el cuerpo / arranca el tronco y aún piensa el cuerpo / arranca la cabeza y aún habla el cuerpo / arranca el dicho y aún enseña el cuerpo / arranca el alma y aún así firma / el cuerpo
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